Eu sempre soube que quando esse dia chegasse não seria fácil pra ninguém aqui em casa...
Cachorro é parte da família né, é gente, tem sentimento, ama, chora...
A Tammy chegou em casa em 1995, comprada em uma feirinha de cachorros de shopping. Eu que a escolhi! Eu queria uma menina, poddle, preta! Eu tinha só 5 ou 6 anos, mas eu sabia que era ELA!
O nome foi uma luta, a gente não tava acostumado com isso né, então ligamos para as minhas tias inventando uma história esfarrapada e ficamos colhendo dicas de nome. Sei lá como finalmente foi escolhido, mas foi - Tammy. Mais pra frente acrescentamos o Maria nela também (rs), ideia da minha mãe... Acho que faltava alguma coisa pra gritar quando ela etsivesse brava com a Tammy, então ela colocou Maria também.
Caraca, minha cachorra é incrível.
Durante esses 16 anos ela foi a maior companheira, minha, da minha mãe, do meu pai e do meu irmão. Ela só nos deu alegria e fez da gente uma família muito mais feliz.
De duas semanas pra cá, quando ela começou a ficar ruim de verdade, fiquei lembrando de algumas coisinhas dela que me alegraram muito. Lembrei de como ela gostava de dormir ouvindo música quando era pequeninha, como eu até limpava o xixi e o cocô dela no começo, pq minha mãe dizia que EU que quis um cachorro. Lembrei dela nas nossas viagens, caramba, levamos ela de carro com a gente pra Santa Catarina, e fizemos ela ficar no hotel junto com a gente. Lembrei de como ela corria... a gente sempre achou que ela tinha rodinha nas patinhas... Sem contar os sustos que ela deu na gente: foi atropelada, tomou veneno da dengue, teve convulsões, passou por uma cirurgia mega arriscada e sobreviveu.. A gente passou a noite no veterinário chorando uma vez...
Eu fiz muito por ela, mas não chega nem aos pés do que os meus pais fizeram. Passaram noites em claro, deixaram de viajar, deixaram de sair casa, gastaram horrores com remédios, banho, tosa, roupinhas, brinquedinhos...
Todo mundo que convive comigo sabe o quanto eu sou louca por todos os animais e o amor imensurável que eu tenho pela Tammy... Minhas amigas sempre disseram que tinham medo do dia que ela tivesse que partir e eu sempre avisei todo mundo: o dia que ela morrer, não vou querer falar com ninguém, vou faltar no trabalho e nunca mais vou querer um cachorrinho...
Ai a gente vê o quanto estamos crescidos e o quanto é necessário encarar a perda de alguma forma. Na semana passada ela ficou internada e quando cheguei lá, achando que ela nunca mais voltaria pra casa, ela me viu e balançou aquele rabinho lindo até não poder mais. Eu e meu pai choramos igual criança e trouxemos ela pra casa. E agora eu sei que ela só voltou pra se despedir da gente mesmo, pra que a gente pudesse apertar, agarrar, beijar e fazer muito carinho nela, e pra que a gente fosse se preparando...
Jamais vou esquecer aquela pelo preto que já estava cinza, quase branco, aquele fucinho gelado que eu apertava todo dia, aquelas patinhas que adoravam carinho no joelho, o topetinho que às vezes ficava meio achatado e a gente morria de rir, dos laços que ela usava nas orelhas, enormes, escandalosos... Do queijinho branco que ela comia todos os dias de manhã... Da inteligência dela, que levantava da caminha todo o dia a tarde me chamando pra levá-la pra passear. Ela não podia ouvir a palavra passear que pulava na gente, saia correndo e ficava toda feliz. Daquele olhar... mesmo todo mundo falando que ela já estava ceguinha, ela me enxergava, e eu sei que ela me olhava nos olhos quando eu falava com ela. Das roupinhas, do vestidinho rosa, da coleira amarela, do travesseiro, dos cobertorzinhos dela... Não vou esquecer dela sentada no sofá, à espera da gente chegar em casa, dela olhando pra baixo da escada esperando que eu aparecesse pra agarrá-la, de quando ela abaixava as orelhas sabendo que a gente estava se aproximando pra apertar muito ela... Senpre que eu olhar para o tapete da sala vou lembrar dela abrindo a bala butter toffel..
Nossa, vou sentir saudades, neguinha. Saudades de ver você andando pelo corredor, passando de quarto em quarto pra ver se todo mundo já estava em casa, de você latindo na varanda, chamando a gente pra passear, entrando na mala de viagem, vibrando com a sua malinha pronta, de dar maça picadinha pra você...
A ausência dói demais, neném... Isso é que mata... não poder te abraçar, não ter seu corpinho pra esmagar, beijar...dar carinho...
Eu sei que você não estava aguentando mais e hoje, quando me despedi de você, antes de mais uma saga ao veterinário, eu disse: "te amo meu amor, se seu corpinho não aguentar mais, pode ir tranquila, vai em paz, você já fez a gente muito feliz... " você me olhou como quem dizia: "obrigada, que bom que posso partir então"...
A única coisa que a gente não queria era ver você sofrendo, passando dor.
Então... ai no céu, olha por nós, cuida da gente, e nunca esquece de como você fez a gente feliz!
Você é o amor da nossa vida, sempre foi, e sempre vai ser!
Ocupe o lugar mais lindo no céu dos cachorros, anjinhooo, TE AMAMOS!